terça-feira, maio 27, 2008

DADIVA SEM ESPINHOS

"Na manha infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma e o Vento como o instinto desceu..." Vinicius de Moraes in A musica das almas
As Rosas, transformadas em arco-iris...
Lembro-me de em menina sonhar com o Sol e a Lua. Hoje, vi tatuado um Sol em mim. Fecho os olhos e vislumbro o Sonho, sonhado por ti. Deixo falar o Coraçao, e imenso o seu falar. Coraçao que no tempo andavas apagado, conheceste hoje o lugar onde podes repousar... Subiste o ultimo degrau da escada, sentimento de Ceu, ascese no teu Ser! Nada mais te encanta senao a Sintonia das Almas Perfeitas... Hoje, ja nao sou menina... Mora em mim o desejo, ganha asas com o teu olhar, Sublime janela a da tua Alma... Quanta Luz emana de ti! Sento-me na esteira dos Sentidos,
aguardo o teu chegar... Cobre-me um lençol, veu da seduçao... Desprende-se uma fita vermelha, tao quente como uma rosa de petalas aveludadas... Todas as tabuas deste chao, nada me dizem... Emudecem com o Sentir. Sinto a nudez da pele, que me invade o Sentir. Sao rasgos, rasgos no peito, fendas que querem abrir e soltar gritos, hinos de prazer! De pes descalços estou, caminho perdida nas ruas da Vida... Sou espirito que vagueia pela imensa floresta do Sentir... Nao quero despertar, neste Sonho, Dadiva que nao mereço, quero morar... Deixa, deixa Sorrir a menina que mora no corpo de mulher! Deixa Sentir a Alma dançar como um baloiço junto do corpo...
Solto o duende em mim... Abro os braços na direcçao das estrelas porque so assim poderei transmitir palavras apaixonadas. Ordeno ao meu Ser que se erga pois o Ser interior nunca se curva, jamais adoece, nunca finda... De cabelos soltos, ao Vento, vou desbravando planicies ocultas, encontrando-me com olhares esquecidos que percorrem os mesmos caminhos que eu...

segunda-feira, maio 26, 2008

SENTIMENTOS ESDRUXULOS

"Lembras-te do Papagaio... Hoje e um montao de penas e nada mais. Onde esta o papagaio? Que se passa? Porque e que as coisas acabam?" Corina, in A Arte de Amar, de Ovidio Nason
Aos Sentimentos esdruxulos que nascem no peito,

Jamais e uma palavra forte mas necessaria porque jamais podera o Homem reduzir o papagaio a um monte de penas. Ha tanto Sentir no papagaio que nao se quer calar. E tao pouco no Humano que o quer reduzir. Para o Papagaio ha Sempre melodias que nascem no Coraçao, passam pelas arterias do Ser e sao soltas na boca, com a ternura dos labios de quem deseja abraçar com as maos do Coraçao. Onde vive o teu Ser? Habitara qual Ave em Ti? Asas de tanto querer porque nao voam pelos Ceus? Nada acaba. O Nada e muito mais. Como pode o Nada acabar se nem o Nada, pormenor, consegue o Homem Saborear? Nunca acredites no fim das coisas, questiona Sempre os limites e saberas que as penas do Papagaio sao mais belas que as penas que as vezes nascem do Nada que desvalorizas em Ti. Que se passa? Perdeu o Papagaio a Beleza porque mostra a Nudez, o Nada que nele habita e ainda sem penas continua um Papagaio Sentido ou ganhou o Homem que ja nao sabe, descalço caminhar e troca a penugem das roupas no seu dia-a-dia camuflando o Sentir? Sao Sentimentos esdruxulos, vindos do Coraçao!

Saibas que vale muito a recordaçao, seja de um Papagaio ou de um Gesto, Pedaço do Homem, quando entra no Coraçao...

sexta-feira, maio 23, 2008

CHUVA

"Quem sou eu senao um grande sonho obscuro em face do Sonho; Senao uma grande angustia obscura em face da Angustia; Quem sou eu senao a imponderavel arvore dentro da noite imovel; E cujas presas remontam ao mais triste fundo da Terra?(...) Mas em cujos braços somente tenho vida." Vinicius de Moraes, in A vida vivida
A CHUVA, equilibrio em mim...
Ha Chuva dentro de mim que pede pes descalços, braços abertos, sorrisos rasgados. Quem nunca andou a Chuva nunca Amou. Caminham Almas descrentes, levadas pelas correntes, sem Sentir a magia do caudal deste rio emocional. Ha Loucura que pede gotas, pingos de mel que caem do ceu... Magia Natural do que precisa de se soltar... E passam Almas perdidas, por nos, sem rumo! Coraçoes que se medem com a rigidez de um fio-de-prumo! Onde estao as tuas Asas? Onde esta o teu viver? Nao ves que a Vida te pede nadas, te pede um querer mais do que querer... E voo pelos ceus como Gaivota, vestida de negro, com Sentidos ocultos, com vontade de desbravar caminhos inospitos... Com vontade de abraços e de beijos, lagrimas, Chuva, sorrisos... Vida, sem par!
Assim estou perante a Vida, agradecendo o que ela me da. Pisando a terra molhada, partilhando o Sentir, ligada ao chao, de olhos postos no ceu, imaginando o teu coraçao. Ah Coraçao sem rumo que o nevoeiro teima atingir, liberta-te, sente, vive... Acrescenta sabor aos dias e intensidade as noites que parecem sem fim... Vive! Sente!
Saibas, que so no Amor a Alma de Artista encontra poiso, se sente gente... Ah, se de Amores pudesse o mundo, os Homens viver tao somente... Sofre quem ama, sofre quem nao sente... O mundo, ja nao tem rosto de gente porque ninguem sabe que o maior gesto reside no Ser diferente e Sentir tao somente, o que nao sente o resto, quem nao sabe ser Gente!

quinta-feira, maio 22, 2008

HINOS DE SENTIR

Aos que passam por mim e me deixam gestos. Sem Ti, sem o teu abraço a chuva nao teria sabor.

Quantas vezes esquecemos de amar? Quantas vezes dificultamos o acesso a catedral que tanto custou a edificar? Aproveito todas as pedras que tu, Deus, colocas nos meus percursos e ergo hinos de Sentir nesta espiral de Sentidos que teima em me envolver. Deixo fluir o querer, dou largas ao prazer. Nada do Ser devera o Homem reprimir... Porque recalcas, Homem o teu Sentir? Nao sabes que a Vida e feita de nadas e no nada esta o bem- querer? Aprendo cada dia com a dadiva do Sentir, com um abraço perdido, num olhar encontrado, com um rosto apagado num coraçao amado... Quero-te nesta ansia de tanto querer... Quero-te como uma catedral gotica que se ergue ao ceu, como um grito que me rasga o peito e me faz agradecer cada gesto teu... Perdida no meio de tanta multidao que nada me diz. Encontrada num rosto que me faz feliz... Ha Hinos de Sentir que trago tatuados no meu Coraçao, letras escondidas no negro veu que pintou cada dedo da tua mao... Fazes esquissos dos Sentidos que trago no peito com as penas que te decoram o coraçao e arquitectas monumentos Sentidos que se elevam aos ceus e na companhia dos Anjos segredas que ha negras noites e longos dias e que nesses intervalos entre a noite e o dia estao os sentimentos que se tornaram meus... Agradecer e um gesto esquecido no degrau da catedral do Ser que so o mais sentido viver consegue alcançar... Oh, Vida sem par, gesto singular, estranha arte esta, a de Amar... Nada do que em nos vive podera jamais morrer sem ver breves instantes de prazer... Nada e pouco para alguns e muito para mim... Constroem-se catedrais, edificam-se monumentos, mas o Homem procurando anestesiar a dor, esqueceu-se do Sentimento, ja nao vive de Sentir... Onde esta Homem o teu Viver? Devolve a Magia dos Sentidos ao mundo que se sente morrer... Entoa hinos de Amor, espalha petalas pelos ceus, pinta de azul os rios e neles lava amores meus... Ah, este Amar, sem par... Este querer mais do que querer... Este abraço sentido que a catedral fez erguer... Catedral dos Sentidos, hino de Sentir...

segunda-feira, maio 19, 2008

PEDIDOS A LUA

A Vida, aos Seres que me ensinam a esboçar o sorriso, cada vez mais puro, cada vez maior e sincero. A Ti, Arquitecto das palavras e dos gestos, que me proporcionas momentos de encanto, momentos que eu julgava nas maos dos outros...

Levas-me ate a Lua. Sinto-me dançar. Cada passo, lentamente, aceito cada dadiva, cada olhar. Vamos, aceito este caminhar, devagar... Da-me as maos deixa-me ouvir a voz do teu Coraçao... Deliciosa imagem, a tua figura! Com ela esqueço os nevoeiros tristes do Hades. Louca? Talvez. Sim, mora em mim a loucura. Loucura de viver com ansia de querer. Chamar louca a quem sente, podera ser comedia de enganos, drama de enfermos, narrativa de enredos... Ou sera pura verdade? Ilusao nas maos de quem teme soltar o Coraçao! Grito palavras ao Vento, entrego beijos nas asas de um Corvo, deixo flores na rua onde moras... Peço a Deus que pinte um Ceu para Ti, que faça nascer um Sol em cada amanhecer e que durante a noite eu te sinta bem perto de mim, como quem da abraços com o Coraçao... Saudades de quem abraça com o Sentir! Quero molhar os cabelos, Sentir a humidade invadir-me o Ser... Quero acrescentar Sabor, muita cor ao que nao desejo perder... Levas-me a Lua? Vale a pena contigo o caminho percorrer, mesmo se nao sabes o caminho, nao me importo de me perder...

Saibas que olhei para a Lua Cheia e a ela entreguei os meus pedidos. Anda, segue-me. Sabes sempre onde me encontrar: na esteira do nada, do caminhar descalço nas montanhas que cercam o mar que invade este verbo que me alenta, verbo divino: o Amar!

segunda-feira, maio 12, 2008

OLHAR ENCANTADO

"Tudo depende do Olhar. (...) O Homem ja vive aqui em baixo, sobre a terra, qualquer coisa que nao pertence a terra, que faz parte da ordem do sagrado, da divindade, ele vive, podemos dizer assim, um começo de imortalidade..." Marc de Smedt, in Elogio do Silencio

Ao Arquitecto das Palavras e dos Gestos

Sonho de Mulher: Imagina-te sentado nas asas de um Condor, sobrevoando magicas florestas de Sonhos... Vens ate ela como um navegante de aguas insipidas, despojado de tecidos, so com as linhas tatuadas nas arterias do teu Sentir. Fios de ouro! Ha mel bordado em cada movimento do teu Olhar, momento de eternidade... Um sorriso e cofre de Sentidos, luz, porta de chegada. Ouves o som da Harpa, sentes o sublime toque caido no teu ombro, sobre uma sepultura de pedra que outros jamais chegam a alcançar...

Entra sem medo, em Ti, a Mulher. Saibas que colocou o melhor vestido para te receber. Os pes descalços... Vive sem adornos porque e imenso o querer. Despreza as palavras, entrega-as na mao de quem sabe arquitectar, de quem projecta nos esquissos um luar, um amanhecer e porque nao um singelo orvalhar? Neste imenso calor, fogueira onde arde o seu Ser,

sao gotas, gotas de chuva que ela anseia. Gotas que limpam uma Alma presa de encantos... Tamanha e a tua capacidade de surpreender, Arquitecto de Sentidos, palavras, gestos, Olhares com Sabor. Ha um circulo, espiral de sons, todos repetem o teu nome e nas asas desse Condor, encontra a mulher, de todos o melhor Semeador de Olhares, aquele que lhe da cor... Arquitecto de Coraçao, fazes tatuagens nos esquissos dos Sentimentos que tens traçados na palma da tua mao.

quarta-feira, maio 07, 2008

OS HABITANTES DO CORPO

"Estou mudo porque todas as palavras te escutam." Vasco Gato, in Prisao e Paixao de Egon Schielle
Ao Estilista de Sentidos
As maos vazias escrevem Sons, mantras do Coraçao. O Olhar feiticeiro desenha Sentidos, evocando a Paixao.
No Coraçao fazem Amor as metaforas, lavram nas veias alimentos que o Espirito anseia. Tanto Amor nas avenidas de um Ser que se busca. Saibas que se o Silencio descer sobre os amantes, vira carregado de Ternura e Lembranças, de Desejos torridos e Esperanças... Ha Paginas que o tirano e vil Tempo procura do Livro da Vida afastar mas que os teus dedos, com impressoes de mel jamais poderao largar... Ha Silencios que gritam mais alto que todas as palavras... Perdem-se as notas na musica, evocam-se Sensaçoes! So Quem nos ama pode ler os nossos Silencios, habitar em nos! So Quem nos protege pode encontrar Sal no nosso Olhar e transforma-lo em doçura, favo de mel. Todos procuramos um Sentido para as nossas Vidas.

A Vida, projecto de Amor Supremo, deve Ser preenchida com Habitantes que ocupem lugares Sentidos em nos. Falesias de Luz! So Quem veste a Alma, investe no Espirito e vive na razao da Emoçao e capaz de renovar a especie humana, Ser Estilista de Sentidos...
Possas um Dia desenhar o Sonho, tatua-lo de emoçoes, vesti-lo de tecidos simples mas sublimes e dar-lhe uma assinatura, morada em Ti,

terça-feira, maio 06, 2008

DANÇA DE LOBOS

"So podemos modificar o que conhecemos e so podemos conhecer o que amamos." Maria Emilia, in O Caminho da Sabedoria, Ser e Estar ao Ritmo do Universo
A um Uivo Perfeito, Sintonia do Amar, Par Celeste...
Soltam-se uivos, desenham-se lagrimas sob a forma de flores, puro prazer... Ha beleza na Dança de Lobos nos picos do Amor. Filamentos de ternura perdidos nesse espaço chamado Tempo, restos de ontem, vestigios de um presente tao forte, marcas cadenciadas da semente do Amanha... E isto que dois lobos alcançam numa Dança dos Sentidos: fusao! Nada mais ha no Universo... Nada mais que um gesto, passo de Dança, troca de som, uivos de prazer... Bela e a melodia de quem sente o uivo do Amor... Sublime a troca de silencios que so o uivo mais sofredor sabe entoar. Quanta beleza sem par! Quanta harmonia nos labios dos lobos, famintos e avidos de soltar esse rasgo no peito, desfazer esse no como quem se senta no parapeito e vai subindo, lentamente, sem jeito, sem preceito... Ah! Dança perfeita, som do Amor! Saudade que morde o peito, dilacera as arterias dos Sentidos e invade o Ser... Quem nunca Amou com vontade de uivar? Quem nunca pensou em atravessar a mare sem sequer saber nadar? Quem nunca a sua imagem no caudal do rio viu reflectida nunca dançou ao luar, nunca sentiu a força do verbo Amar, nunca soube parar, Sentir e voltar a Caminhar... Enfrentando Caminhos inospitos, com vontade de encontrar o perfeito uivo que devolva ao acto instintivo que e o Amar...