quarta-feira, março 10, 2010

MADRUGADAS SEM SOM

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX(imagem de Susana Tavares)

“O som aniquila a grande beleza do silêncio.” Charles Chaplin

Aos sons que nos prendem,

Procuro nomes na voz que me persegue. No íntimo busco lugares por habitar…
Não me sei. Desconheço-me porque não encontro sons físicos. Não a ouço: a voz.
Essa voz, maior que todos os sons de fêmea, perdeu-se no silêncio das tuas manhãs…

Quedou-se como a baía enovelada em fios de nevoeiro denso.

Levantei-me cedo, antes de todos os sons nascerem, ainda, hoje.
Soltei letras (dispersas) presas à emoção de um nome: o teu.
A minha voz, no novelo dos dias, é um eco distante. Camuflado. Inaudível.

Ergui-me cedo, tão cedo, para te chamar nesta madrugada de ausências.

Vi orvalho dançante nas sépalas dos Girassóis dormentes nos braços da noite,
embalados por Morfeu.
Senti Tempo novo no meu peito…

Cresce, nestes pícaros de sentir, a ausência de todos os nomes que os teus sons guardam em mim.

Sento-me na intensa perdição do vazio. Imensa é a ausência da tua voz.
Pinto de branco a ausência neste leito de sentir.
Os teus dedos finos e frios nas mais intensas das manhãs já não encontro.

Já não há voz, nem toque, nem tempo.
Nem Vento! Há só tormento: o de não te ouvir em mim.

Porque te calas quando abraço a voz no peito?

1 Comments:

Blogger Wanderley Elian Lima said...

Olá Sandra
É quase um lamento de quem espera preencher o vazio deixado pela pessoa amada.
Beijos

10:02 da tarde  

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