Onde mora a Saudade
“Não abro a porta quando batem (às vezes batiam só por engano) não avalio o balanço das certezas o que separa uma forma da outra sempre me escapou.”
O fio de um cabelo, José Tolentino Mendonça
Lenta e serena cai a Noite imensa. Intensos são os pícaros onde subi para enterrar a saudade e os sonhos do que contigo vivi. Deixei que as mãos despissem o olhar meigo do Condor que trago apertado no peito, deixei a descoberto sentidos sublimes que apenas os arautos do Amor sabem reconhecer. Descalços estavam os meus pés prontos para te receber, ainda que na saudade: expulsavam-te de mim como um fruto maduro, pronto a degustar. E aos desejos infinitos que o coração pede para não apagar, aprisionei-os de um jeito esquisito, perto do peito, do lado direito do amar. São oceanos, águas de mil chuvas que trago em mim. São húmus, são desertos, sentimentos inquietos que me fazem estar assim. Ah se a chuva ao húmus se unisse! Se os pomos maduros desta árvore imensa que é o amar, fossem de ouro. Se nos seixos visse diamantes e nos lugares onde mora a Saudade outro sentimento pudesse colocar…
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