quinta-feira, outubro 08, 2009

Todas as horas da vida

“…as coisas que valem a pena não podem deixar de ter a pena que valem.” Miguel Esteves Cardoso
Disse-me a voz: “Escolhe uma hora.” E eu uma a uma fui escolhendo as horas que o dia tem. Não poderia escolher uma hora, precisava de ti muitas horas – as horas que o dia tem.
Mesmo assim escolhi uma: a hora em que te vi. Depois mandei parar o Tempo. Fechei-o nas gavetas onde mora a ilusão e durante todas as horas da minha vida fui desenhando um retrato no singular.
Todas as horas de todos os dias, da vida, esbocei traços com as mãos da memória e os sentidos do coração e assim, na solidão, soube que eu e tu somos singular. Nunca em nós houve plural.
Sem semente não há fruto. Sem chuva não há amor porque a Terra precisa de água.
No último instante da última hora da minha vida soube que nos descoseram a linha do destino, um dia, numa hora qualquer em que as ilusões saíram do cárcere, das gavetas.
Desde então vagueio pelo mundo. Um mundo sem nós. Sinto-me presa numa espiral: Amor.
Sei que acabamos sempre por voltar aos lugares onde pertencemos.

2 Comments:

Blogger Demóstenes said...

Gostei.

Voltarei para espreitar mais vezes.

5:55 da tarde  
Blogger maria teresa said...

Será que conseguimos mesmo voltar?

9:45 da tarde  

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