Esqueceste o coração e concentraste-te no chão de pedra. Onde começa um, acaba o outro.
“Então, não te esqueças de que a noite pode ser a tua última hipótese de sobrevivência, sobretudo se a névoa começar a subir dos passeios…” in Carta, As coisas mais simples, Nuno Júdice
Enquanto caminhavas num chão de pedra, ordenei ao sono que se cruzasse contigo. Ofertei-te um leito de fetos mansos para que repousasses a solidão. Mandei todos os rios para uma outra margem do mundo que poucos sabem que existe. Apaguei-te o fogo das lágrimas e num instante todas as pétalas caíram. Despetalei uma a uma, todas as flores em Maio, menos as Rosas. Crescem em abundância nos caminhos que te cercam, os espinhos já não te ferem e no teu coração há uma única certeza: este chão de pedra fez de ti, Mulher.
Chamo-me Tempo (nunca gostaste de mim: sei bem) e nunca te abandonei, nem nos dias em que a chuva parecia não te molhar, mesmo quando choravas e o caudal dos rios aumentava. Sei que esquecias a fome e a sede.
Trazes um deus no peito e não sabes!
Enquanto caminhavas num chão de pedra, sete anjos velavam pelos teus dias e pelas tuas noites e nos dias em que a amargura te visitava, fazendo-te uma condenada, enviei um cão para seguir os teus passos, como se sentisse a tua solidão falavas-lhe, com carinho, como quem acaricia uma Alma cansada. As noites eram frias, tão frias que nenhuma palavra existe para as descrever mas sei, sei bem que esse chão de pedra que pisaste e hoje olhas como um estrado de relva aos teus pés, nada mais foi do que um sono que te cerrou os olhos e impediu de sentir. E tudo porque julgavas já ter visto uma noite longa, a maior. Enganaste-te. E foi nesse engano que todos os dias e noites se tornaram iguais. Choraste. Choraste tempos que o Tempo não conta. Mas hoje, quando acordaste, pela manhã, todos os rios tinham parado e os oceanos congelado para que lhes pudesses devolver o sono (esse outro nome da cegueira) e sentir que talvez tragas um deus no peito mas não o sabes, ainda…
Enquanto caminhavas num chão de pedra, ordenei ao sono que se cruzasse contigo. Ofertei-te um leito de fetos mansos para que repousasses a solidão. Mandei todos os rios para uma outra margem do mundo que poucos sabem que existe. Apaguei-te o fogo das lágrimas e num instante todas as pétalas caíram. Despetalei uma a uma, todas as flores em Maio, menos as Rosas. Crescem em abundância nos caminhos que te cercam, os espinhos já não te ferem e no teu coração há uma única certeza: este chão de pedra fez de ti, Mulher.
Chamo-me Tempo (nunca gostaste de mim: sei bem) e nunca te abandonei, nem nos dias em que a chuva parecia não te molhar, mesmo quando choravas e o caudal dos rios aumentava. Sei que esquecias a fome e a sede.
Trazes um deus no peito e não sabes!
Enquanto caminhavas num chão de pedra, sete anjos velavam pelos teus dias e pelas tuas noites e nos dias em que a amargura te visitava, fazendo-te uma condenada, enviei um cão para seguir os teus passos, como se sentisse a tua solidão falavas-lhe, com carinho, como quem acaricia uma Alma cansada. As noites eram frias, tão frias que nenhuma palavra existe para as descrever mas sei, sei bem que esse chão de pedra que pisaste e hoje olhas como um estrado de relva aos teus pés, nada mais foi do que um sono que te cerrou os olhos e impediu de sentir. E tudo porque julgavas já ter visto uma noite longa, a maior. Enganaste-te. E foi nesse engano que todos os dias e noites se tornaram iguais. Choraste. Choraste tempos que o Tempo não conta. Mas hoje, quando acordaste, pela manhã, todos os rios tinham parado e os oceanos congelado para que lhes pudesses devolver o sono (esse outro nome da cegueira) e sentir que talvez tragas um deus no peito mas não o sabes, ainda…
Tempo: como se dissesse rio…
2 Comments:
Lindo, sem palavras...bjo
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