As gaivotas que vejo, agora, devagar
“Fecho os olhos e não vejo o teu sorriso. Porém, na
memória, um odor a maçãs e outros cisnes”. POEMA PARA PESAR MAÇÃS
JOÃO PEDRO DA COSTA
Às vezes vejo uma gaivota e não a reconheço ao longe pelas asas porque as traz tão semicerradas.
Quem semicerrou as asas da gaivota?
Vejo-a como se despertasse do mundo dos mortos com olhos que não foram feitos para ver.
Às vezes vejo uma gaivota e não a reconheço ao perto pelo voo porque o voo afasta-se da Terra e vai para o outro lado do lado do mar. E eu não sei se o mar existe.
Vejo a gaivota de asas semicerradas, ao longe. Vejo a gaivota cujo voo não reconheço ao perto. E agora, só agora sei que vejo as coisas, todas elas, devagar.
Às vezes, quando despertamos de entre os mortos, um simples aceno nos parece uma gaivota ainda que ao longe tenha as asas semicerradas e ao perto pareça não voar.
Será uma gaivota? Terei despertado de entre os mortos?
Apenas sei que vejo as coisas devagar.
4 Comments:
Muitas vezes não reconhecemos o mundo e os homens, porque a maioria deles andam com as asas semicerradas.
Bjux
o teu texto fez-me sorrir.
muito bem escrito.
abraço.
Agora.. começo a ver as coisas devagar.
Abraço, Sandra.
Helen Brand
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Enviar um comentário
<< Home