Annwn – como quem apaga a sede
At Rest by Michael Klein
“He would look in the mirror, see an old man now. Doesn’t matter they survived somehow. They said there’s nothing can be done about the situation.” When the wild wind blows, Iron Maiden
A todos os que pensam que quando se olha um vaso, ele está vazio e aos que ao olhar uma mulher a sabem fonte de Amor. E aos que desconhecem.
Fui eu que lhes pedi para nunca te abandonarem – as Gaivotas, que avistavas ao longe e te pareciam de asas presas.
“He would look in the mirror, see an old man now. Doesn’t matter they survived somehow. They said there’s nothing can be done about the situation.” When the wild wind blows, Iron Maiden
A todos os que pensam que quando se olha um vaso, ele está vazio e aos que ao olhar uma mulher a sabem fonte de Amor. E aos que desconhecem.
Coseram-te com uma linha sem cor, gasta, grossa e muito usada, numa agulha fina e fria. Três laçadas pela frente, três golpes atrás.
Disseram uma meia dúzia de palavras, numa única frase, como se estivessem a falar contigo. Depois de cosida e de parecer teres ouvido o que duas vozes, em uníssono, murmuravam, lançaram-te ao mar, com rejeição, como quem segura as cordas de um caixão que a terra recebe. E tu, uma boneca tão pequena ou, tão-somente, quase meia dúzia de farrapos, nas mãos do mar, perdeste o nome às coisas, que é como quem diz: a lucidez.
Quem perde a lucidez já não existe: vagueia.
Andaste dias que não pertenceram nunca ao Tempo, esse adamastor de barbas rígidas que tudo disseca, nem ao momento. Andaste nas mãos do mar todos os dias, sem Tempo, em que nenhuma maçã nasceu e todas as coisas que já existiam: apodreciam, vorazmente.
Num instante, num pedaço roto que escapou ao Tempo, surgiste ao pé de mim, do outro lado da água e recebeu-te um coro de Anjos porque regressaste ao Templo do mundo interior, a esta planura de alegria.
Durante os dias, sem Tempo, que vagueaste em alto mar segurou-te no colo, um Deus, como quem recebe nas mãos uma criança que vem ao mundo.
Quanta providência! Não há coincidências, há providência.
Segurou-te nas mãos do colo, um Deus, para que tu pudesses chegar onde, apenas, outros chegam sem vida.
E nesta ilha de vidro que hoje, um hoje ausente do Tempo, te recebe, entregam-te o reino com uma inscrição: “esta porta é uma das que sempre esteve aberta no teu coração.”
Regressaste a casa. Valeu todo o medo que albergaste em ti como um veneno que abre feridas insepultas. Valeram-te os embalos da ilusão, companheiros da Solidão.
Valeram? Valeu?
Disseram uma meia dúzia de palavras, numa única frase, como se estivessem a falar contigo. Depois de cosida e de parecer teres ouvido o que duas vozes, em uníssono, murmuravam, lançaram-te ao mar, com rejeição, como quem segura as cordas de um caixão que a terra recebe. E tu, uma boneca tão pequena ou, tão-somente, quase meia dúzia de farrapos, nas mãos do mar, perdeste o nome às coisas, que é como quem diz: a lucidez.
Quem perde a lucidez já não existe: vagueia.
Andaste dias que não pertenceram nunca ao Tempo, esse adamastor de barbas rígidas que tudo disseca, nem ao momento. Andaste nas mãos do mar todos os dias, sem Tempo, em que nenhuma maçã nasceu e todas as coisas que já existiam: apodreciam, vorazmente.
Num instante, num pedaço roto que escapou ao Tempo, surgiste ao pé de mim, do outro lado da água e recebeu-te um coro de Anjos porque regressaste ao Templo do mundo interior, a esta planura de alegria.
Durante os dias, sem Tempo, que vagueaste em alto mar segurou-te no colo, um Deus, como quem recebe nas mãos uma criança que vem ao mundo.
Quanta providência! Não há coincidências, há providência.
Segurou-te nas mãos do colo, um Deus, para que tu pudesses chegar onde, apenas, outros chegam sem vida.
E nesta ilha de vidro que hoje, um hoje ausente do Tempo, te recebe, entregam-te o reino com uma inscrição: “esta porta é uma das que sempre esteve aberta no teu coração.”
Regressaste a casa. Valeu todo o medo que albergaste em ti como um veneno que abre feridas insepultas. Valeram-te os embalos da ilusão, companheiros da Solidão.
Valeram? Valeu?
Fui eu que lhes pedi para nunca te abandonarem – as Gaivotas, que avistavas ao longe e te pareciam de asas presas.
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