sexta-feira, dezembro 30, 2011

Silêncio

Silêncios inteiros percorrem esta página, como se quisessem dizer-te, Madrinha.


“É em nossas almas que devemos escrever pois é aí que os nossos pensamentos germinam de modo proveitoso.” L.C. Saint Martin


Silêncio. Todas as sílabas do silêncio se perdem na noite.
Devagar, lenta e serena como uma pauta inacabada de música as palavras adormecem, nas mãos da noite, como sílabas perdidas num imenso céu viúvo.
Às vezes basta uma metade de palavra e ouvem-se as sílabas do silêncio, perdidas na noite. Mas às vezes todas as sílabas noctívagas guardadas pelo silêncio, na noite, não mostram o que o dia, num imenso céu noivado, inaugura.
Uma criança pode perder-se no escuro mas um Homem deve saber a Luz que o inaugura, nesse caminho de trilhos inóspitos para a velhice, sem medo da criança que um dia foi, no escuro.
E se o mundo for um manicómio que eu seja, apenas, um louco amante de sílabas perdidas.
E estas sílabas perdidas sejam um esquisso dos dias que a Alma pede.