Voz do Vento,

As vezes o vento sacode o tempo... Quando um Anjo da Guarda na Terra so quer descansar, vem o vento frio, toca na cara, rasga a pele e impede o dormitar...

- "Vento agreste, dos mares do Sul, vento sem rumo, que na minha face encontras a incerteza do caminhar, porque me devolves a chave, lançada ao mar, de uma gaveta perfeita? Nao ves que so quero descansar?"

- "E eu a tua face quero tocar. Quero abrir uma fenda no teu Ser e com as lagrimas frias que deixo no teu Sentir, ensinar-te a caminhar... So quem sofre, no seio da dor caminha e o frio espanta podera um dia a ilusao encontrar, ainda que de forma instantanea e fugaz, nesse bosque lilas dos sonhos possa um Silencio na Alma alcançar... Cada vez que eu sob a capa do Vento a tua face tocar, sente a melodia da flauta de bambu verde que solta um grito que se perde no infinito mas que na tua face encontra um sitio onde a Paz e a Tranquilidade convidam a ficar. Mesmo o Vento mais agreste tem sabor... Mesmo o mais pequeno resquicio de Vento tem cor... Mesmo a mais recondita frieza tem Ser. Feliz de quem sente o Vento, que passa tao somente..."

Quanta magia solta o Vento no ar... Quanta incerteza... Quanta clareza... Como sera o Vento vindo de outro lado que nao o do mar? O desse mar onde repousam todas as lagrimas do Amar? Ha lagrimas num olhar que o mais frio Vento nao sabe alcançar e que o mais puro e quente sentimento as vezes deixa nas maos do tirano tempo, congelar...