Ao maior dos amores: o que faz sofrer
- Falhaste. Trazes o nome trocado desde que nasceste. Primeiro esqueceram-se de amar aquela parte de ti que hoje te daria metade daquilo que buscas. Falhaste. Falhaste. Falhaste. E dizes que ninguém te entende. Usas o impessoal, como se isso fosse desculpa. Depois nunca soubeste ver que as pessoas têm dois lados: o bom e o mau – preferiste, sempre, sofrer mais e mais: estavas sempre lado a lado dos outros, acreditando em quem nem te desacreditou, (porque nunca pensou sequer em ti), preferias espremer gota a gota do que as pessoas são, do pouco ou nada que te dão, como se o sumo de limão pudesse ser doce, sempre mais doce. Como se as ilusões não tivessem lugar: não em ti.
Admite rápido (talvez não te custe tanto): falhaste.
Tu não sabias: a vida é feita de falhas. A vida é feita de sofrer, de muito sofrer. A vida é como um armário que substituiu todos os teus vestidos por sofrimentos, já não precisas de cobrir a pele. Os sofrimentos, esses, que parecem não te abandonar estão em ti entranhados na pele, rejeitando todos os vestidos, tudo aquilo que te tornaria mais bela, nem cambraia, nem lã podem dar um toque à tua pele.
E tudo o que tanto buscas, só chega até ti quando desistires de procurar. Tu és assim: nunca deixaste que te encontrassem (também quem teria força para matar essa ânsia bastante que te morde o peito): precipitas-te a cada dia que passa, abeiras-te do precipício como uma lâmina gasta, fria e cansada.
A tua pele rubra encandeia o olhar que contigo, vagamente, cruza e queima com ardor os que tu julgas, de quando em vez, tocar-te com amor.
O Amor: esse é outra casa sem nome e tu sabes que a mais eterna das palavras é casa.
A que distância deixaste o coração? - Diz-me sem medo de falhar e com todo o sofrimento que viver implica. Diz-me.
2 Comments:
Tens razão... amor grande pode causar muito sofrimento...
Ainda assim, não se pode fechar os olhos ao amor que nos bate à porta sem razão...
Deixo-te, sobre o amor, um pedaço de um poema que escrevi em tempos:
Quando vejo
uma roseira esquecida
a fervilhar na margem de um caminho,
sou picado pela abelha da surpresa
e vejo nas flores
uma excepção aos jardins.
Afastada a estranheza,
sou como um raio de sol,
que vê, sem o perceber,
a regra de uma qualquer lei
que faz crescer na roseira
flores de tanta beleza.
Comburentes da vida e da morte,
os dias passam de igual modo
no jardim e fora dele
por tributo à mesma regra,
mas as flores desconhecem
que são perseguidas pelo ferrão
da sua fátua existência.
O nosso amor
tem a regra e a excepção polinizadas,
tem a beleza e a ignorância das flores.
Bom fim de semana.
Um beijo.
Afinal deixei-o todo...
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