SACRÁRIO DAS PALAVRAS

À minha madrinha,
Lá onde o silêncio mora poucos sobem os degraus da Vida, mergulhados nas lágrimas dos infortúnios que ajudam a crescer. Lá onde o Vento sopra envolve-se o Peregrino nos finos lençóis, teias da Vida. Desmesurados Sentidos vivem como cavalos selvagens onde não há linha limite. Esvoaçam pelos céus farrapos de algodão… Guardam palavras sem cor, de dor e amor. Tudo o que brota da Terra cria raízes no Céu. Sacrário das palavras, sem dono. Já sepultada está a amargura na fria pedra que o Homem com as mesmas mãos que a terra há-de ver, um dia a terra irá receber. Tudo nasce, tudo cresce, tudo passa. Mas, às vezes há vezes em que nada morre. Eternas são as lembranças que guarda o Ser no Coração. Lembranças desiguais, que o Vento não leva para parte incerta… Lembranças de ouro fechadas no Sacrário das Palavras ao serviço dos Sentidos. No início todos queremos um instante, depois pedimos aos breves instantes que se alonguem no tempo e perdurem no império dos Sentidos. Mas, nesta linha decrescente da Vida tudo nasce, tudo cresce, tudo morre… Menos os que jazem no Sacrário das Palavras, no Silêncio onde só mora a Saudade dos que já não podemos ver, apenas Sentir.