quinta-feira, agosto 23, 2007

Sem abrigo

Pobres... Existe a Pobreza?
O que e a Pobreza?
Onde vive?
Pobres nao sao os que nao tem
quem lhes aqueça o corpo
mas quem lhes incendeie o Coraçao...
Pobres Almas,
vagas de sentido,
naufragas de um tempo perdido
presas a um passado esquecido
Saltimbancos de um futuro esmorecido...
Quebra-se o encanto
de cada vez que a Lua chora
La onde um sem abrigo mora
La onde nao ha Luz
so raiva, so ciume, so azedume.
Coraçao que Sonhos nao produz...
Eterna e a Noite
puro o Coraçao de mel
ao pe de uma lareira
aquece o corpo,
a Alma fria, sem vida
esquecida, perdida...
Sonhador es um Sem abrigo
nas Palavras ves um Amigo.
Gostas de te perder
no Olhar
do simples passante
que na agua dos teus olhos
se sente naufragar.
Quantas vagas?
Quantas ondas?
Quantas mares?
Quanta e a tua dor,
simples pobreza de nao saber Quem es?

quarta-feira, agosto 22, 2007

Fabrica de Sonhos.

Ao Gigante das dores que impede de Sonhar pede a fragil Ternura encantos mil, delicadas fragrancias no ar... Trava batalhas num campo onde nunca a ensinaram a lutar, desce colinas, sobe numa nuvem de harmonia ao imenso ceu e veste o caminho, por onde passa o pobre caminhante, de negro e denso veu... Multiplas pistas deixa no escurecer... Pobre e o que nao sente ou o que nao quer ver! Quanta beleza, cada pedra lapidada de dor, cada estrela no ceu um pensamento do mais fino e puro Amor... Cada tronco da Tilia onde esta gravado um Amor... Um Amor que pede autor...
Negro manto que desces sobre a Terra, leva pra longe a dor, dos que nao sonham, dos que enfastidiados pela Beleza da Vida, nao sabem ou nao querem Sonhar... E no tedio do escuro veu depositam as dores, deixando a Beleza da Noite, ocultar!
Os Sonhos sao como maos que se erguem na Noite, num escuro Ceu... As maos sao luz, astros de rubro Sentir... Bela e a Noite quando a Mulher surge num Sonho teu, chama de luz que incendeia a escuridao do teu Ser e te devolve o Sentir...
Sonhos voam com o Vento, sentem-se vindos de um Coraçao que sangra de dor, Coraçao que pede Amor...Sonhos inspiram o poeta, o escritor, nascem num vale fertil de emoçoes, regam pela manha com Orvalho as flores, incendeiam o dia de cores, dao ao Ser Humano mil Sabores...
Consta-se que cada vulcao e um Sonho de Luz, chama perdida na lava imensa do Sentir... Sonhos sao produtos do vulcao, sempre em extase, lume de Sentidos... O Basalto Negro e filho da Noite e do Vulcao, mora na fabrica dos Sonhos, dentro do teu Coraçao...

quinta-feira, agosto 16, 2007

Querer e nao poder...

Queria ter a magia de te escrever uma linda cançao
mas eu nao consigo...
Queria dizer-te que te espero no ultimo degrau
o que toca a primeira nuvem do ceu
mas eu nao consigo...
Queria dizer-te que espalhei mil petalas de rosas vermelhas
no chao que pisas
para que sintas o meu odor
mas eu nao consigo...
Queria dizer-te que vejo uma longa escada para o paraiso
num mar de paixoes
onde me visto de branco para te receber
mas eu nao consigo...
Ha coisas tao simples que se apoderam de mim
vivem em mim
na ansia de partilhar...
Quando? Quando?
Sera Hoje?
Talvez Amanha?
No Dia seguinte?
Num futuro proximo?
Urge viver o Amor...
Ate la Sou Passaro de asas feridas
asas de azul sonho
a deriva
na floresta dos sentidos...
Cada arvore me protege
a Noite
quando o frio me invade o Ser
eu respondo com
todo o meu Sentir...
E
nunca chega
para me fazer sorrir...
Quando te poderei dizer
o que me vai no Ser?
Quando?
Visitar-me-as em Sonhos?
Permaneceras muito tempo perto de mim?
Hoje preciso de ti,
Vem rapido
hoje nao sei falar...

Passaros e virgulas,

No Ceu, uma ave
as asas de fina cambraia
cansadas de tanto lugar visitar
repousam a Noite, neste encanto de lugar...
No bico, dourado fio do Sentir,
repousa uma Gota dos mares percorridos
durante o dia...
Cada pena macia e delicada
do teu Ser
irradia energia da luz...
Es Passaro celestial
Olhos que guiam os Sonhos.
Cada vez que na minha rua
te demoras
ouço estrelas que falam,
nuvens que dançam,
lua que me encanta...
A Melodia do teu Sabor
e o orvalho do meu Ser.
Com a fina e mansa cambraia
vestes a Noite com um veu
escuro,
profundo,
soltas a magia no ar
e das a Lua
essa forma sublime de virgula
que nas maos do poeta
vem dançar uma valsa
lenta
sublime
ao Luar
e
a Solidao partilhar,...
Um Passaro e uma virgula no ceu, na vasta e imensa regiao do Amor, onda mansa no oceano da emoçao. Uma virgula e um gesto de diferença no Oceano da Paixao. Virgulas sao gritos de Amor, sao beijos ritmados do poeta no papel. O verdadeiro poeta e aquele que nao permite que ninguem mude uma virgula nos seus sonhos... E tu, Passaro com asas de delicada cambraia es a virgula que apazigua a minha dor, me fazes levantar os braços e cantar aos Anjos o Amor...
Passaros, virgulas, Amor? Diz-me porque carregas na Alma essa Citara que te faz diferente?

segunda-feira, agosto 13, 2007

Janelas de Luz.

A mais bela fechadura do Ser Humano esta na Natureza do Sentimento. A chave do Sabor esta no Coraçao de quem se entrega ao Sonho e lapida nos troncos das arvores amores, solta nas penas dos passaros feridas que ajudam a Sentir... Ha fechaduras misterio que poucos conhecem e quem por la passa gosta de se demorar nas nuvens da eterna Beleza da emoçao.
Para la deste mundo ha um reino de arvores verdejantes, de melodias de encanto...
Agradeço a Vida
pelo dom de Sentir
pelo espaço aberto
moldura do meu Ser...
Pela Luz
que chega de um candelabro
a Noite...
Pelo misterio
que faz mergulhar o meu Ser...
Pela Luz
que coloca todas as manhas
na janela
a mais pequena janela do meu Ser...
Luz
que me faz
Ver para alem do olhar...
Sentir
para alem do Amar...
Agradeço a Luz
das velas
que cada pessoa que chega ate mim
traz nas maos...
Luz de Amor
Fruto de Paz...
Agradeço a todos os que passam
e
no Vento deixam o seu aroma
para me encantar...
Mas,
agradeço
de forma peculiar
ao Sonhador que me faz acreditar
que toda a Luz
que existe
e pouca quando se encontra
o que nem em Sonhos se pode encontrar...

domingo, agosto 12, 2007

Enigma...

"A Vida e feita de nadas: (...) de ninhos que outrora havia (...) De poeira..."
(Diario I), Bucolica, Miguel Torga
O Ser Humano Veste
a Alma
e
o Coraçao
de cores e enigmas...
Dores e sabores...
O mais belo Enigma
da Noite
nao e a Lua.
E um gesto meu.
E quando te procuro
num simples olhar
que dirijo ao Ceu.

E peço aos poetas
que Vestem penas
que levem
nas asas
ate Ti um Beijo meu
e
no bico
palavras de saudade
de um Coraçao
que ja nao e meu...
Sera Teu?

sábado, agosto 11, 2007

Vaso do Amor.

Desse lençol vermelho ja nada resta
apenas as costas de uma mulher
perdida numa floresta.
De petalas de Amaryllis
mandou o poeta fazer o lençol
mas depressa veio
o Outono e despiu as arvores
trouxe as noites mais escuras
e
despindo a mulher
fecundou-a de ternura,
de elegancia
e formosura...
So lhe pode ver o olhar
quem souber semear
E la continua
ja velho
com o olhar de encanto
o Sonhador
Semeador de esperanças
em enormes vasos
que moram perto das nuvens
nessa colina
perto do Sol
onde
so passam os que acreditam
que Amar e Semear...
Sera?

Pobre Sisifo de Sonhos
quantos absurdos
quantas intemperies
teras de ultrapassar?
So porque te foi dito
pela voz do Vento
de mando do Criador
que Semear e Amor...
E ves na Semente o Feto do Amor...
E cresce a Mulher dentro desse vaso
de magia e encanto
que quase chega ao ceu
As duas folhas que ves por terra
ao lado desse vaso de esperanças
quem as colocou fui eu...
Nao, nao sao sementes,
sao folhas da arvore da Vida
aquela do Eden
estrela prometida
que nos guia ao ceu...
Porque quem semeia
tambem colhe
frutos
e
flores
ou sera que apenas ve Folhas?


No dia que o Amor crescer
nao haverao Amaryllis na terra
para cobrir o nosso Amor...
Ate la vivo despida
sou Semente, raiz de um vaso
que permanece no ocaso,

sexta-feira, agosto 10, 2007

A Mulher - Lua.

Queria eu ser uma deusa
apagar a dor do mundo
alimentar bocas famintas
semear sonhos nos coraçoes abandonados...
Apenas possuo este novelo de fios dourados
que se solta das minhas maos
e rodopia
percorre as aguas de um mar
que so procura encantar...
Pinto rosas numa tela escura
a tela da vida
misterio
Alma esquecida...
Com a magia dos fios dourados
sou espirito de luz
mescla de tons...
Vejo nestes fios lindas hortensias
de um vale encantado
que vive num jarro de sentidos...
E rodopia
rodopia sem parar
aos teus pes
vai o novelo magico parar...
Desenho com ele Madressilvas
para de aromas os teus sonhos perfumar
a ti
simples Sonhador
que encantas e das brilho as minhas Noites
mesmo as mais frias e sem luar...

Saltas e murmuras
lindas palavras
metaforas
melodias
cançoes
que me fazem acreditar
que o fundo azul do mundo
esta ao serviço
dos que nada mais fazem do que sonhar...
E
nesse encanto de mar
pinta
o novelo
as ondas do meu cabelo
para que possas cada fio de sentidos saborear...
Desenhaste o meu olhar
distante
pintaste de timidez o meu semblante...
E rodopia
rodopia
o novelo de fios dourados de Sonhos...
Ao teu pe ele vai parar
basta
Sorrir
e
receber
a mulher Lua
que nao para de Sonhar...

quinta-feira, agosto 09, 2007

Maos...

Maos...
O que dizem as minhas maos?
Ha quem leia o futuro,
quem se sirva delas para pintar,
para segurar o livro,
virar a pagina,
tocar a outra Alma
e
Amar...
Nas maos eu guardo Sonhos,
imagens de encanto,
lugares perdidos na ilusao do tempo...
As minhas maos tem dedos finos
que soltam os sons que o piano
das emoçoes ensina...
Sonhos.
As maos sao os remos
do barco ancorado.
As maos seguram as nuvens que moram
na outra margem do mar
no horizonte supremo
que e o Amar...
As maos seguram as ondas
que na incerteza
te impedem de avançar.
Maos de fada
todo o meu toque
e caricia de luz
manto de cores
leme de infinitos amores.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Gota.

"Ha dias em que so uma arvore esconde a floresta, uma gota esconde todo o mar." Rosa Alice Branco
O Coraçao e uma arvore
cujas raizes assentam
na mais complexa das emoçoes
o Amor.
O maior polimato
nao sabe quantas arvores tem uma floresta
e
qual a importancia de um so gota para o mar
esse mar
que e o amar...
A Terra precisa de pousio
para a semente, a colheita prosperar...
O Mar tem um polianto
que so um coraçao
com arvores
com gotas
com sabor
sabe encontrar... Do pousio do Coraçao
brota a mais bela semente do Amor...
Do pousio da Terra
a maça
fruto do mais puro e doce sabor...
De um Coraçao tao grande e humilde
como o teu
nasce um gesto
nasce uma gota
que rega todo o Amor meu.

Frase.

Sinto-me perdida.

segunda-feira, agosto 06, 2007

EU

Cresci com quatro tias-avos paternas, Rosa, Dolores, Joaquina e Julia. Solteiras com idades entre 70-87. Ensinaram-me a andar, falar, todas noites rezava o terço, pela manha fazia as oraçoes do dia. Na casa delas, a minha casa aprendi a lidar com a cegueira, sendo a mais idosa, invisual desde tenra idade. Com ela aprendi o que nenhuma universidade pode alguma vez dar... Protegeram-me muito, valeram-me nos anos mais dificeis da minha vida, a minha infancia, anos marcados pela dor de nunca ter vivido com os meus pais e de ao mesmo tempo ter de enfrentar duras situaçoes familiares que me levaram a depender de medicamentos para o sistema nervoso, dos quais ainda hoje dependo... Sobrevivi, com magoas e muita fragilidade. So o sofrimento, a dor permite modelar a personalidade... Assim me fui formando. Sempre perdida no meu mundo, incompreendida, cedo despertei para a escrita. Recordo uma gaveta cheia de papeis que eu escrevia, desabafos com o papel, a minha primeira forma de escrita... Uma escrita nao de inspiraçoes, mas de Sentimentos. Desde sempre os abalos do meu Ser me fizeram uma inadaptada, indecisa... Porem,muito comunicativa, sempre me interessaram os outros, sempre os coloquei no primeiro lugar... Meu Deus, quantas vezes me esqueci de mim? Quantas sao as vezes que ainda me esqueço? Hoje, tenho a mesma dependencia dos outros, nao por mim, mas pelo que eu sou para eles. Dois tios-avos, juntando-se um tio-avo viuvo e sem filhos, as irmas, dependem diariamente de mim para os alimentar, tratar, trocar as fraldas,verificar se sao bem alimentados, fazer compras, ir as farmacias, visitar os medicos, orientar funcionarias, cicatrizar as feridas externas e as internas que os tios vao ganhando... Com eles continuo a aprender, a sofrer, a crescer... Nao precisava de crescer tanto! Tao dificil esta aprendizagem, cujo diploma e o Amor. Nele assento tudo o que faço. Esqueço-me de mim, deito-me a pensar se aconcheguei bem a roupa dos tios-avos antes de os deitar, a noite cai e todas as noites a mesma pergunta me assola: "quando os verei pela ultima vez?" Nao estou preparada, detesto despedidas. Mas algo eu acredito que um dia o Sonho me compensara, as cicatrizes interiores que tenho serao menores e quem sabe eu nao me torne a criança que nunca fui, viva o que nunca vivi, tenha quem tome conta de mim... Talvez ja tenha aprendido a tomar conta de mim, a pensar em mim e deixe que o outro se encarregue de me fazer feliz, quem sabe?
Hoje foi um dia, particularmente, dificil para mim...

Estrada da Vida.

Ha no meio do nada um sorriso
tao quente como o Sol
tao meigo
tao puro
energia que contagia o olhar...
Saudade que brota desse nada
fugidio instante quando foge o luar...
Amor,
tens visto essa força
esse natural sentir
que nasce da solidao
caminha nas veredas do silencio?
Que muda muitas vezes de cor
passa da esmeralda
a safira
rubi
diamante nas maos de quem o procura?
Gestos de ternura
invasao do Ser...
Ter-te-as cruzado com ele
nessas linhas de magia que cosem o teu Sentir?
Eu vejo aves que se amam
no meio do nada
nas pedras negras
junto a praia...
Vejo o Amor nas maos dos outros
nos bicos sedentos de Sentir
Vejo betulas verdejantes
Petunias que exalam um aroma
prendendo os passaros nas suas cores...
Vejo Lilases,
Vejo Tulipas,
Vejo Rosas
escarlates, brancas, douradas...
Tu estrada da Vida,
trilhos,
veredas,
ruas,
vielas,
Quando fazes o Amor aparecer para mim?
Diz-lhe Vento que pairas sobre mim
que eu
cansada
doem-me os pes de tanto o procurar,
Porque nao me encontra ele a mim?

domingo, agosto 05, 2007

Segredo.

Bambu perfurado do tempo
Oraculo dos meus pensamentos
imitas o cicio do Vento,
dos passaros
e das arvores...
Solta sopros de mansidao
esta Noite
desperta de encantos o luar
diz-lhe
que nem so no fundo do mar
ha segredos!
Indica com o teu som
a procura da arvore
mais bela
faz daquele que receber
este segredo
a pessoa mais singela.
Arvores
uma infinidade de troncos
numa delas
a mais bela
a mais alta
a que quase toca o ceu
deixei gravado com a ajuda
deste sopro,
cicio de Anjos.
Um Gesto meu...
Procura
e
ele sera tambem teu...
No seio desta vasta floresta
negro veu
que esconde a Noite...
Arvores sao hastes
hinos que cheguam ao ceu.
Nelas circula a seiva
onde
todos os sonhos repousam...
e
na mais bela
esta um beijo meu.
Que te possa essa arvore mostrar a aurora suave
e o orvalho de um beijo que ao ser encontrado ja nao e meu
mas teu...

Castelo de emoçoes.

As vezes voa o meu pensamento, desce da montanha para o lago, sinto-me princesa de um castelo abandonado, as vezes os sentimentos sao lanças que impedem o meu coraçao de sorrir tanto como a minha voz... Necessidade de ouvir as mansas palavras da cotovia que me visita e me mostra sonhos que tanto anseio. Nunca gostei de viver em castelos, gosto de desbravar os caminhos que me levam ate ao dono deles, saber quem os construiu e porque... Gosto de me perder nas imagens da natureza, a espera de encontrar o meu interior, ouvir no sussurrar do Vento, simples palavras de amor...
Singular beleza nas margens do lago encantado, etereas arvores dançam ao entardecer uma valsa. Quantas folhas que voam, nao tocam o ceu? Quantas sao as palavras vas que usa a ilusao? Nao gosto dela, nunca gostarei... Caminho nos trilhos do essencial. Nao ves que pequenos gestos me dao serenidade? Nao, es inconstante como o Vento, as vezes tocas-me de mansinho e sinto tao perto a tua presença, outras magoas-me com a tua ausencia... Sinto falta desse manto de fetos verdes que me apaziguam a Alma, ao longe avisto-te rodeado de misterio, tanta saudade de visitar cada lugar do teu ser, cada canto teu... Olho para esse castelo de sentimentos, junto ao lago, perto do ceu,

as lanças que nele existem, quem as lança a ti sou eu... Sou misterio desvendado, simples Alma presa ao feitiço de Amar e que insiste na procura dessas labaredas de ternura encontrar... Ja tarde vai o dia, cansado de te procurar, regressa a rubra cor ao ceu, visto o meu ser de verdes esperanças, voltam as lembranças... Saudade desses primeiros orvalhos matinais, dessa estrada da Vida que me conduz do vulcao explosivo do fim do dia, ao branco matinal, luz...

Quantos pedidos ficam na voz do Vento? Quantas mensagens te entregou o enviado meu? Eu, simplesmente, espero regressar a esse bosque verde de encantos... Perdida no meio do nada, saboreio os leitos do ser, sou fada da natureza, em castelos nao sei viver... Mas, e nessa imagem do vale de fetos, nessa ermida perto do ceu, que vejo frutos silvestres crescerem e que elevam o meu animo nas maos de um Anjo que me faz bradar, pedir morada ao ceu... Duas amoras vermelhas, nas maos dessa ilusao... Ao que os outros chamam Tempo, eu apelido de espaço, distancia, caule de sentidos, onde brota a seiva da Vida, nectar do verde Amor,

sábado, agosto 04, 2007

Anjo de Amor

Quando nada tiveres a nao ser Solidao,
Foge desse pedaço de veu escuro
Deixa o caminho da escuridao
Solta as amarguras que levas nas penas
Voa pelo ceu, ao encontro do Amor
Nao temas sobre a agua do mar, voar
porque essa agua tem um grande segredo
que ensina uma Gaivota num Anjo se transformar...
Nem o cicio do Vento,
nem a mais tenebrosa onda do mar
podem tamanhos sonhos
impedir de se realizar...
Quando te sentires so
olha para o ceu
o primeiro passaro que vires serei eu,
sob a forma de Gaivota, ou de Anjo
que voa ao teu encontro
sob um manto de lindas flores
de todas as cores
nesse vale dos encantos
nesse templo erguido ao ceu
pelas maos de um irmao meu
que tambem aos encantos do Amor e do Sonho
pereceu,

Mudança

Noite, leva-me contigo nos teus sonhos, deita-me ao lado da Magia. Ensina-me a sentir o toque do gesto verdadeiro, ha tanto tempo que a dor me acorrenta... Maos presas, sem liberdade de gestos, coraçao sofredor,frias correntes, elos de dor...Anjo negro submerso nas paredes de um ser que perdeu o toque, ser abandonado no leito dos mortais, ate quando vives submersa na ardosia do feitiço que enlutou o teu ser? Devolve-me a Vida, preciso de sentir, ver o que o mero olhar nao permite, distinguir o toque fingido do toque sentido... Levanta as minhas asas, devolve-me ao ceu, deita-me nos verdes prados, enxuga as minhas lagrimas, lava cada fio do meu cabelo com petalas de camomila, separa o falso sentido e sepulta-o com lapides de pedra escura... Nao ves como abraço o meu peito, tao preso aos fantasmas... Quantas luas vao passando e o rochedo de Sisifo continua resvalando? Enfrenta estes elos da amarga e fria corrente como degraus que descem ao poço do meu sentir, "por vezes encontramos de nos em poucos meses o que a noite nos fez em muitos anos. E por vezes fingimos que lembramos, e por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos o gosto aos oceanos, so o sarro das noites nao dos meses la no fundo dos copos encontramos, e por vezes sorrimos ou choramos, e por vezes ah por vezes num segundo se evolam tantos anos". David Mourao- Ferreira

sexta-feira, agosto 03, 2007

Cenario de Amor

Quando o Sol ja nao for uma estrela e as montanhas deixarem de ter neve, descerao sobre a Terra todos os passaros, alegremente cantando, muito confiantes de que o Amor ira prosperar sobre os leitos de urze, num vale de fetos, ao sabor da terra humida... Todas as flores desabrocharao e a Terra sera coberta de um manto de lindas cores cintilantes, as cores do Amor. O cheiro das Rosas e do Jasmim juntar-se-a ao aroma das Laranjeiras em flor e todo o mundo sera a metafora da petala esvoaçante, sendo ela mesma a Personificaçao do Amor. E tu, Mulher, guardaras em ti a imagem de um instante: Quando o azul do ceu, tocar o azul do mar tudo acontecera num breve e sentido pestanejar...
Ate la, deixo-te uma linha dourada para que possas coser os teus sonhos com o fio do luar, deixo-te um espaço de Sentimentos para que possas visitar e neles encontres um sonho que te faça demorar porque de cada vez que eu sinto o teu cheiro no ar, uma folha de eucalipto, ao pe desse templo de Amor, solto um gemido que me faz falar as arvores, perguntar aos riachos, chamar os passaros e sussurrar letras de encanto, como faz o Vento quando beija a folha... Salto da objectividade da vida e escrevo profecias na tela dos ceus, fico serenamente a espera dos momentos teus, momentos meus, guardados nas maos de Deus,

Dizendo isto, a voz que comanda o sopro da vida mostrou-me o rio subterraneo que em mim mora, que "os poemas sao passaros que chegam nao se sabe de onde e poisam no livro que les. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapao. Eles nao tem pouso, nem porto; alimentam-se um instante em cada par de maos e partem. E olhas, entao essas tuas maos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles ja estava em ti." Mario Quintana,

quarta-feira, agosto 01, 2007

O gemeo de Hipnos.

Irmao das Hesperides, de Morfeu, juntas as Erinias valsam contigo, carregam-te no colo com medo do que lhes traras... So Lissa nao te teme porque a liberdade da loucura permite evasao, ser louco e ver com olhos que amam, tocar com suavidade o que pobres e comuns Almas rudes desprezam, e lidar com a dor sem a Sentir... O que e belo nao morre, sofre uma mutaçao, transforma-se noutra beleza... Quanta verdade! Como pode a Beleza morrer?
Morre quem nao Ama
Morre quem nao Sonha
Morre quem nao Abraça
Morre quem nao Alcança
quem nao canta, nao dança,
quem nao grita, quem perde a esperança...
O Homem, o verdadeiro Homem,
so morre no dia em que souber de cor
o nome de todos os rios do Planeta...
A Morte e o fim da Sensibilidade do Ego... Um Eu amante da Beleza permanece no leito de penas brancas, macias, nunca morre... Tu o irmao gemeo do frio Sentir, Hipnos, filho da Noite e das Trevas, sempre viveste em tranquilidade, em paz e em silencio... Que hoje embales o meu Ser de Sonhos belos e que as finas cordas do Violino deixem entrar a Dança, uma restia de Dança que a tua paz, o teu silencio alcança... Entrega nas maos do Vento o meu Ser, pede ao teu filho Morfeu que atenue a minha dor com musicas e danças, proprias das crianças...
"Como um mar, ao redor da Soleada ilha da Vida, a morte canta noite e dia a sua cançao sem fim". Tagore