Violetas sob o gelo
Esta noite fechei as portas e julgando esquecer, não deixei que amanhecesses em mim. Fiquei suspensa nas mãos do tirano de barbas rígidas que tudo rouba e recusei todas as manhãs. Talvez como quem carrega um rochedo sabendo que a imortalidade não pode acontecer a quem recusa uma só réstia de luz. Talvez como quem quer apagar todas, ou poucas, memórias que o homem de barbas rígidas insiste guardar. Talvez como essa Ode grega que insisto em não dizer. Talvez como uma incerteza nos braços daquele que deixou apodrecer as maçãs e insiste em levar as violetas para a outra margem do rio que poucos sabem que existe…
Talvez esta noite as portas que julguei fechar não existam porque o dono das coisas, o tirano, o de barbas rígidas, o Tempo, não deixa esquecer que possas ser uma manhã nas artérias de alguém. Talvez as violetas sob o gelo não estejam numa outra margem de um rio qualquer (que não existe), mas em ti.
Talvez esta noite as portas que julguei fechar não existam porque o dono das coisas, o tirano, o de barbas rígidas, o Tempo, não deixa esquecer que possas ser uma manhã nas artérias de alguém. Talvez as violetas sob o gelo não estejam numa outra margem de um rio qualquer (que não existe), mas em ti.
Talvez esses laços que te amarram os braços sejam uma prece e ainda não saibas...