domingo, junho 29, 2008

RITUAL DO SER

As vezes o guarda-chuva ja nao basta para as chaves que fecham o meu Coraçao. Vontade de voar, desnudar a Alma, de Sentidos enclausurada, e partir para esse outro lugar qualquer que so tu, Vento, meu Companheiro e Senhor sabes o Nome... Ja nao faz sentido voltar as costas ao que nao quero ver... Oh Mundo, porque es tao pequeno para mim? Deixa-me esvoaçar pelos ceus, ainda que descalça e faminta... Deixa soltar cada petala escondida no meu Ser... Ah, esta ansia de Viver... Sou asa partida nas maos do Tempo... Feitiço sem igual, quebranto sem cura... Sou serpente que seduz, veneno que vive dentro de um alguem, que so tu, Vento, sabes quem...
Deito-me neste lençol branco, cobre-me o veu da Noite, observo a tela do Amanha, vejo a guerreira serena e desejo que o amanha chegue sem demora...
De que adianta adiar um Sonho? De que adianta subir a montanha se nao sabemos apreciar a altura dos Sentidos? Ah Vento, talvez eu nao o tenha de procurar, talvez tenha ele de me encontrar... Talvez! Talvez uma manha ou uma noite, me envies um passaro anunciar que os Sonhos sao dadivas e que eu sou o Sonho de quem percorre os mesmos trilhos deste mar... Ah, este Amar sem par, sem receios de naufragar... Ritual do Ser, a Vida e utero sagrado, vaso alquimico que anseia transmutaçao... Um dia, o Sol te fara entender que cada Lagrima vertida neste vaso de emoçoes faz a alquimia do Sentir, crescer... E, so a Noite poderas perceber que o maior dos misterios reside dentro de ti, nesse Ritual do Ser...

sábado, junho 28, 2008

CIRCULOS DO SENTIR

"Tu das valor apenas as pessoas que acham como tu sem se opor. Mas segue as pegadas de um estranho e teras mil surpresas de esplendor", in Pocahontas, Quantas cores o Vento tem
A ti que Sonhas o mesmo Sonho que eu...
Es Janela aberta sobre o mar, filha do rio e do vento... Trazes na Alma a Tatuagem dos Sentidos que a tua sina outorgou... Saibas que jamais a mais bela princesa ao Destino podera escapar... -Cumpra-se o fado que une o caudal do rio ao mar! Cessem as lagrimas do teu rosto. Acompanhar-te-ao as gaivotas e a brisa da manha... A tua passagem vergar-se-ao as folhas de Platano porque e imenso o Sentir. Sinto-te na brisa do Vento, nas Auroras orvalhadas, na Noite escura e densa. Percorri praias desertas, caminhei descalça nas maos do Tempo, naufraguei num mar de ilusoes que me prenderam no escuro, soltei as vozes do Tempo, rasguei as pinturas desse habitat, vi para alem do ver, por instantes fui Alma de Passaro contemplando o mundo do lado de la...
Soltei as asas, presas nas arterias de enganos e voei... Demorei-me neste voo, ate a tua casa chegar... Quantas vezes me terei perdido nos trilhos da Vida? Descobri que nao ha metas, que o melhor dos caminhos e a rua sem saida, e no coraçao a ferida... Aprendi a errar. Nao quero voltar para la. Descobri que o pescador de lirios roxos existe... Cresce em mim a saudade do Vento que ameaça chuva...
E teu o Amor que trago no Coraçao e o Sorriso que delineei nos labios, para te entregar! Sonhei mostrar-te a Noite, so assim poderas entrar no meu Ser, invadindo o meu Sentir. Quero-te como uma trepadeira que cresce dentro do meu Ser, Circulos do Sentir, a espera das Rosas em flor, enclausuradas num vaso sem nome que ainda ninguem soube tocar...
Pede ajuda ao Vento, que sopre de mansinho... Saibas que neste vaso, habitat de Sentidos, cresce em Circulos a seiva do Amor. Nao temas o teu habitat rasgar, ve para alem do Olhar! Sente a espiral, serpente que te encantou e levanta o veu do Tempo que eu espero por ti perto da colina que me faz Sentir perto do ceu... Sao Circulos Do Sentir que um deus um dia escreveu...

domingo, junho 22, 2008

PASSARO PARTIDO

"Que a tua alma de ouvidos a todo o grito de dor como a flor de Lotus abre o seu seio para beber o sol matutino. Que o sol feroz nao seque uma unica lagrima de dor sem que a tenhas limpado dos olhos de quem sofre. Que cada lagrima humana escaldante caia no teu coraçao e ai fique, nem nunca a tires enquanto durar a dor que a produziu." in A Voz do Silencio de Blavatsky, trad. de Fernando Pessoa

Lausanne,

As frases que o Coraçao retem...

Sao gotas de mel que caem do ceu, dadiva sem manchas nem dor... Gotas sao lagrimas de passaros que voam nos ceus a espera de momentos, pedaços sagrados... Raja de Sentidos, ansia de voar... Ha luzes que voam de maos dadas com a Vida e outras que o Tempo, sem sincronia, desencontrou... E frio o humus da Terra quando nao ha Sentir. Movimentos inocuos das pedras que dançam ao Vento, desconcertadas emoçoes sem par... Uma caixa de Magia, sete nuvens de algodao no ar, verdes sao os campos cuja erva nao chega um dia a germinar. Perdeu-se o encanto do verde na solidao do Coraçao que por medo de andar sobre as aguas tempestivas se afastou. Pobre! O mais importante nao é caminhar num oceano quando as aguas estao paradas e as emoçoes repousam num leito de amoras, mas quando o Sentir agita as aguas do Oceano da Vida. Sao valsas nas sendas do Tempo dos Relogios onde tudo é marcado, ponteiros desfasados da realidade que insiste em ofuscar o Sonho. Quem foi que se perdeu? Quem nao soube a margem atravessar? Ha dias em que a Noite chega mais cedo, vem com o Livro dos Tempos na mao, abrem-se os Caminhos das Estrelas... Nao aparece o Luar. No Olimpo, um Deus escreve. Tu, es o Sol dos que se perdem nos dias e a Lua das Noites onde nao ha lugar para o Sonho... Saibas que um Deus escreve, todos os dias uma nova mensagem para ti, so porque eu a pedi... Deixa que ela viva como um Passaro Partido, em ti...

quinta-feira, junho 05, 2008

AUTISTA DE SENTIDOS

"O mesmo sol que abre o ceu para a noite cair e o mesmo sol que aquece o deserto para a serpente sair. O mesmo Olhar que acorda o mar que faz girar lirios de sal e o mesmo olhar que desperta as falhas nas virtudes do ideal." Bruno Lopes in, Dualidades www.myspace.com/hfbird
Ao Silencio dos Autistas que encerram a Perfeiçao do Amor

Casa pouco arquitectada, cobre-a um manto de musgo, puro encanto... Ha Beleza nas janelas perdidas, caminhos nos olhares insinuantes, ha certezas escondidas nesses trilhos verdejantes. Construida esta sob a rocha, fortalece-a o penedo que a natureza fecundou. Poucas sao as Almas que a Casa albergou. Muitos Corpos sedentos e famintos ate ela chegaram mas poucos souberam Saborear o musgo que a toca. Todos os dias ao anoitecer, cai sobre a casa um avental de brumas, sublime magia que so conhece quem o musgo, humidade da Vida, sabe agradecer! Tudo muda, nesta casa a janela principal permanece aberta, de Sentidos desperta... Entra! Sente a Luz que conquistou o musgo que nela habita... Um dia, quando a tua Alma nesta casa souber entrar, ser-lhe-a dado o poder do Sonho. A Janela vista de dentro e uma bela paisagem com vista para o mar, ha um mosaico de sentidos tatuados nos azulejos onde repousa a Alma enamorada, so lhe conhecem a alba blusa, dois botoes de rosa dispersos, livros e papeis que pedem para esvoaçar, um par de oculos ja muito gastos, um relogio jaz por terra de quem se cansou de esperar.

Ate quando esperara esta Alma, blusa sem Corpo a quem so o Amor pode um Rosto dar? Sao Sentimentos dispersos, voam com as Gaivotas na Praia dos Sentidos, onde ha casas por habitar, janelas prontas a receber... Vestidos de musgo que pedem para se despir... Sao Autistas os que Sonham com o Rosto que ninguem ve? Os que desprezam as lampadas em virtude de uma Luz maior? Os que fazem do ceu um mar de encantos, dele fazem sair lençois brancos que invadem casas que poucos conhecem? Sao Autistas os que adormecem as Rosas nesse puro lençol de Sentidos e as tocam com a Ternura que so eles, ditos Autistas, sabem entender?

Onde estas Homem, que tanto desejas acreditar nessa Praia de Sentidos que o teu Coraçao conhece mas que nunca soube despertar? Saibas que o mundo e dos diferentes, dos Autistas, dos Simples, dos loucos ou dos eloquentes... O mundo e pouca coisa para os que sabem Sonhar e tao limitado para os que se limitam a desprezar o musgo, com o frio e insipido, Humano Olhar...

quarta-feira, junho 04, 2008

ALDEIA DA LUZ

Que pode um Homem Respirar a nao ser Amor por todos os poros? Sao poros de Amor verde que me cercam nesta Paisagem, hinos que renascem com a saudade de partilhar a solidao que alimenta a Alma e faz querer subir cada degrau deste manto verde, sentimento que leva ao ceu...
A Ervedosa do Douro, na esteira da solidao...

Neste alto estou mais perto da Chuva. Ha muito que me sinto um Anjo que nao subiu ao ceu ou um Querubim que se perdeu. Molha-me as asas esta Chuva, assim ordenou o Deus dos Sonhos, feitiço que refresca todo o meu Ser. Foge o Sol quando o coraçao sangra. Empalidece o Dia. Nao tarda nada aparece o anoitecer. Finda mais um dia. Esta cinzento o ceu, nuvens pactuam com a tristeza que me invade o Ser. Agradeço a presença das cinzentas nuvens que carregam bençaos que o mundo nao sabe Saborear. Solta-se o som do Violino, paisagem melancolica, verde infinito...

Este som que me limpa os sentidos, escova de frio cetim que me envolve o corpo, formula pedidos ao Vento, confidencia a Alma da Brisa o verdadeiro Sentido do Acto de Amar... Ha sons que tatuam a Alma de emoçoes... Daqui avisto o mundo, uma nuvem clareou, a ideia de Luz, Caminho... Sim, talvez eu va por ai. Mas, logo me lembro que eu nunca vou por ali. Vejo um rio pequeno que se formou das lagrimas que neste local derramei. Todo o ceu parece chorar comigo. Mais abaixo algumas arvores despenteiam-se, acena a vegetaçao, erguem-se ramos como braços abertos, agradecendo aos ceus...

Tambem eu agradeço porque agora a Chuva veio dar melodia a este alto, todos se refugiam no lar, sob os tectos camuflando o Sentir. Ainda aqui permaneço e mais alguns passaros que sacodem a penugem e voltam a voar. Pergunto-me porque nao pode o Ser Humano apreciar esta dadiva. Parar, molhar o Ser, desenvolver o Sentir, sacudir a agua fria da penugem e voar para onde o faz sorrir? Ouço-te Vento. Sinto na tua Alma, a tua ira, vontade de responder. De repente o Tempo muda, a agua se escoa, fica mais brando o Sentir. Vejo ao longe uma Aldeia de Luz, mas saibas que nem so a Luz sabe guiar. Olho a minha volta, sinto-me numa espiral de multiplos Sentidos, vejo ruas, Caminhos, Pontes, Cimento e Vegetaçao. Aqui permaneço, sem vontade de me afastar. Escolham outros por mim o Caminho que eu de mim nunca soube cuidar. Sei la se enveredo pela viela mais estreita ou pela estrada mais perfeita? Respiro e espero, no Silencio medito... Eu so quero Caminhar! Curiosa, espreito por Aquele Anjo que nao subiu ao Ceu, como eu e acredito no Sonho, na volitio de o realizar. As nuvens ja tocam os montes. Estarao a namorar? Ate a Natureza se acaricia porque has-de tu, Homem as Artes do Amor ignorar?

Saibas que nesta Aldeia da Luz ha um Anjo que todas as Noites se apodera dos teus Sentidos e vagueia pelo Verde da colina onde esta escrito numa pagina de fios dourados: "O Caminho do Coraçao e vale de encantos, porem precisaras de ultrapassar mil quebrantos". Saibas nele Caminhar, porem sem o pisar...

segunda-feira, junho 02, 2008

ZAMBRA DE SENTIDOS

"Viver e aceitar cada minuto como um milagre que nao podera ser repetido." Autor Desconhecido
Aos que me possibilitam momentos de paixao prolongados em abraços de ternura,
No decimo terceiro dia de um mes cinzento saberas que as correntes que te ligam os pes a Terra se desprenderao, aparecerao sinais de espanto. Arrumaras todos os teus bens, como quem parte para uma viagem sem regresso. Mas, so a Lua, eterna confidente, conhecera todo o teu Sentir e comandara todo o teu Ser... As malas ficarao por terra porque nelas nao caberao os gestos, as atitudes, os nomes dos que se cruzaram nos mesmos caminhos, os que buscaram o mesmo Amor que tu...
Guardaras em caixas, presas com cordel, as cartas de quem tatuou Sentidos na tua passagem pela Terra... Ja nao te fara falta o chapeu de sol, nem o guarda-chuva ou o abrigo que envergavas na manha em que toquei a tua beleza pela primeira vez. Partiras, sozinha para os mares do Sul porque so nessa ocasiao te sera dado a conhecer que a vontade dos astros e que partas envolta num lençol branco, o mesmo que te viu nascer. Nao levaras as tuas bagagens porque um Anjo nao carrega materias no seu Ser!

Sairas deste mundo, observando as brumas que outrora te inquietaram o Ser, dançando ao Deus das Fadas uma dança que poucos saberao reconhecer... Avistaras do alto da montanha as aldeias onde os teus pes descalços distribuiram pegadas e o teu sorriso fez nas lagoas agua aparecer... Transformar-se-a o lençol que te tapa o Ser num vestido branço de folhos onde estao as rendas bordadas a ouro do teu Sentir. O Mundo despertara para a Zambra de Sentidos. Uma Chuva vira molhar a Terra e apagar o odio do vil Tempo... Todas as flores nascerao das rochas, todo o chao sera um so. Nos Coraçoes, sem nome, aparecera um Olhar e tu a unica coisa que faras sera com a tua Dança conquistar quem se perdeu nos meandros do Acto maior da peça da Vida, Acto De Amar... Oh, Beleza impar!

GRAMATICA DO CORPO

"O misterio e o que permanece de uma linguagem incompleta... O corpo e como a escrita: nao se esgota no sinal e na forma, mas tem a capacidade de supera-los, a par da palavra escrita, que exprime muito mais que a simples grafia, pode-se dizer que o corpo e uma escrita simbolica que e necessario aprender a escrever e a ler." Severino Pagani, in As palavras do Amor
A Ti, cujo Olhar reduz cada gesto meu
Nao importa que o Tempo invente estaçoes e que as vezes se perca na Arte de Amar... Importa Saborear as folhas secas desse velho Platano que outrora te albergou quando fugias para Sonhar. Importa Amar sem medida, fazer do Amor o Gesto maior que a Vida tem. A tua Alma engrandece cada linha do meu Sentir, e alba como os lençois que recebiam o meu corpo inerte, quando os Sonhos eu queria chamar, deixa-me nela o meu corpo, cansado, encostar... Ja nao sinto o calor das velhas folhas do Platano, so sinto solidao... Porque caminhas lado a lado comigo, partilhando desventuras do Coraçao? Um dia me disseram que a Magia esta nas maos de quem sabe tocar, nao com as palmas da mao mas com o Olhar... Ainda acredito nas palavras que tao doce boca serenou ao Vento e quando vejo as maos,

abraço, aperto, sinto... Vou insistindo, como os ponteiros do relogio do tempo que nao querem tamanha Arte estragar... E, vou perguntando, baixinho, onde reside o toque do Olhar? Ouço vozes inquietantes, entrando em mim devagar... Salta o sangue nas minhas veias, esperando o encontro com o Olhar do Coraçao, aquele que ultrapassa as maos,

e a Gramatica do Corpo, Gestos sem par, eu sou peça de um puzzle a espera de te encontrar... Ha Sonhos que mesmo Sonhados juntos demoram a chegar... Outros braços vou rejeitando porque nao sabem abraçar... Ah, um abraço Sentido e dado com a Magia que so um Olhar do Coraçao sabe encantar...
Saibas, "o corpo de uma pessoa nunca e objecto, mas e um alfabeto inventado para pronunciar significados maiores".
Diz-me acaso viste o Amar? Ja em ti entrou o Olhar do Coraçao ou ainda vives repousado na esteira da Solidao? Nao vivas para viver mas vive para a Vida, acredita no poder do bem querer...