quarta-feira, novembro 26, 2008
quinta-feira, novembro 13, 2008
TESTAMENTO DO SER
O Testamento do Ser nada poderá contra o usucapião dos Sentidos mas tudo poderá alterar na memória dos que andam perdidos ou de simples Anjos ora negros, ora esquecidos… Porque os Sonhos que não forem em Vida vividos, na morte serão dívidas de juros acrescidos…
domingo, novembro 09, 2008
OS CARDOS
“A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace”.
Victor Hugo
Há cicatrizes que não te servem mas que o teu olhar abre no Ser do outro como fendas de uma qualquer intempérie onde só habita a dor. Na pintura sagrada da Alma procuras sonhos perdidos como se morasses numa região árida e sequiosa de sabor… Vives cada gesto como quem sorve uma gota de prazer. Entregas-te nas mãos das nuvens que moram no Bem- Querer. Quem te disse que a água que o mar leva não são lágrimas de quem pede aos deuses para te ter? Findam os dias e com ele vão esconder-se na floresta imensa dos sentidos as brumas das Saudades de te ver. Já repousa o Sol abraçado à Lua e as Estrelas aparecem como fios no horizonte daquele que não te poderá nunca esquecer. És um Anjo de asa partida a quem a Vida não soube proteger. És a Luz na artéria de um pássaro ferido que espera o teu toque para sem medo adormecer.
Acredites que quem embala os Sonhos como Rosas apesar de aos olhos dos outros, apenas Cardos possam Ser, nunca das linhas dos deuses poderão algum dia desaparecer. São os Cardos que dão Sabor aos lugares ausentes e aos rostos sem nome que vagueiam na Noite e no mar se vão perder… Apenas pela Saudade, que transforma as lágrimas em mar pelo que não se pode ter… Mas, nas mãos do poeta, no Coração do Criador, na cartola do Mágico ou na espada do Guerreiro as lágrimas em Cristais se podem um dia, converter…
sábado, novembro 08, 2008
SENTIMENTO IMORTAL
Saibas que a Vida dá hinos de prazer a quem sabe Almas imortais em corpos frágeis unir…
sexta-feira, novembro 07, 2008
FEITIÇO DE ESCRITOR
A ti, que trocas os dias da semana e as estações do ano com a maestria do Sentir… Transformas um Maltrapilho em Rei, vestindo-o de metáforas, com a sublime descrição das mãos que com este Ser se cruzam. A ti, que recebes a chuva como um coro de Emoções e vês num negro Corvo a subtil e ímpar beleza de um Anjo perdido, de um rosto esquecido e com palavras feridas aqueces os pés descalços dos que caminham nas margens imateriais da Alma. Vives sem mesura porque a magia que te envolve a aura não pode o Tempo comandar. Não há bússola para a geografia que orienta os Sentidos das artérias, simples vielas ilustradas pelos contornos da Sabedoria que Prometeu te outorgou. Colocas flores onde há pedras frias e dás Vida aos corpos que repousam inertes… Levantas os Espíritos com a tua singular singeleza, vês os rios como uma margem de incautos mundos… Entregas os Sonhos das Princesas ou dos rostos das Raparigas sem realeza, desenhados por Morfeu, nas mãos do Vento, sábio arquitecto dos Sentidos, és um cirurgião das feridas que não curam… E, com os teus Feitiços de Escritor inventas mundos que permitem a corações mais pobres ter Sabor.
Que Responsabilidade: vês a Alma no ápice de um Olhar e com a dança das palavras, artifício dos Sentidos, podes um Arco-íris nos Humanos solitários, pintar…
terça-feira, novembro 04, 2008
VALSA DA LUA
Herberto Helder
Aos que nas mãos da voz percorrem um caminho,
domingo, novembro 02, 2008
O ANONIMATO
Um dia. Todas as histórias têm um dia. Baptizo este dia, Sombra dos Sentidos. Nem sempre o protagonista sabe quando será o seu dia. A Vida é um cais feito de esperas onde a maior beleza reside no anonimato. Vens como um Guia orientar os corações que navegam nos mares da Ilusão. Colhes as flores plantadas pelas mãos da Emoção. Aos olhos de uns talvez sejam as mais belas mas tu, Rei do Soberano Encontro Eterno, desencontrado da Vida, sabes que a mais bela não é aquela que todos os olhos vêem mas a que no anonimato deixa apenas que as Almas perfeitas a possam Sentir. A verdadeira beleza não é a que vive nos olhos, às vezes Ilusão... Mas, a que deixa uma fragrância anónima no ar. A que faz da Vida uma procura e desse aroma uma descoberta. Um dia, também tu poderás conhecer a mais bela flor...
Queiras Sempre enfrentar os caminhos mais inóspitos com a sábia vontade da flor do anonimato encontrar... E, quem sabe um dia não possas nela te demorar... Fazendo dela a Senhora dos Mares onde o teu Ser deixará o Sentir navegar...
sábado, novembro 01, 2008
OUTONO NO PARAÍSO
Quantas folhas repousam já no Outono do Paraíso, disformes e sem rosto vagueiam nas mãos da Memória. São alguém nos caminhos da ilusão só porque lhes foi concedido o vazio, o frio descanso na morada do Tempo Eterno. E, choram os amantes sem demora enquanto o violino das emoções solta gritos, famintos gemidos onde habita a saudade. Saudade do que poderia ter tido lugar mas essa linha descosida que tens na palma da mão nunca deixou. Espadas de dois gumes, inertes palavras sem som, quanto sangue derramado sem que soubesses o valor desse sentimento maior, sem que conhecesses a palavra Amor. Já no túmulo onde repousam corpos que outrora sentiram ou julgaram sentir… Viveram ou julgaram viver… Quantos lírios passaram por essa pedra que cobre o teu Ser mas que nunca chegaram até ti para que os pudesses conhecer. É a dor, folha solta do que ficou por viver. Amargura que nunca aprisionou o teu Ser ao Sentir… Por isso, vagueias sem par, Alma errante pelo mundo. Esperas o repouso final alcançar. Mas, quem nunca na Alma teve Paz, quem nunca soube descalço caminhar, jamais saberá descansar. Os anos passam, nessa morada onde o Tempo é rei e as folhas se multiplicam e voam até que um dia, um minuto ou um segundo delas te possas enamorar, eterno Viajante do Universo…
Que um dia possas dizer que no Outono do Paraíso encontraste o que a Vida nunca te quis oferecer. Que acompanhes a deusa do Violino, que do Som que deste instrumento ecoa haja quem veja um Hino do Sentir e que na tua própria sepultura nunca cessem as folhas de te acompanhar porque essa deusa do violino espera na Morte o deus encontrar… Aquele que a Vida não lhe soube dar…