Dicionário das Imortalidades.
(Beijo E. Munch)
Enfiada numa cloaca, qual monge pintor.
Invoco-te Lazzaro.
Na margem, da margem, pela margem – foi assim que um dia vivi, na margem do outro, dos outros. O Amor sempre como resposta, nas margens do que, eu, mesma, não vivi.
Qual imperador que comanda a vida? Qual o rio onde posso naufragar?
Por vezes, são tao precisos os naufrágios, como barcos que derivam, na imparidade do não ser mais do que margem.
Escolho o rio Tibre – sempre o três como auxiliar da resposta. E nessa cloaca de servidão que leva as escaras para o mar Tirreno, ali se faça o naufrágio. Por vezes um naufrágio salva – na outra margem. Margem do que existe e margem do que não existe.
O Amor sempre como resposta.
Margem do que existe e margem do que não existe.
Queimam-me, ainda, as mãos – tão fortes, na inclinação do Amor, como resposta.
A vida como um palco, um pano cai e a noite finda. Qual teatro de amadores, na tentativa oca de mais uma palavra Imortal. Quisera eu ter Deus, sempre dentro e no dicionário das Imortalidades, definir-te (ainda de mãos queimadas) a Palavra: Amor.
“Dicionário das Imortalidades.” de Sandra Maria Ferreira