segunda-feira, setembro 19, 2011

Gambiarra do Amor, num teatro: vida.

(pintura de Alex Alemany)
“Dê a todas as pessoas seus ouvidos, mas a poucas a sua voz.” William Shakespeare

À memória da minha madrinha. Sempre.



Sob um céu de palavras ausentes, um firmamento de sons por dizer, e no que da vida ainda resta, um diadema coroa o teu nome como sépalas de uma flor que o pintor ainda esboça, como esquissos de um poeta embriagado na sombra das palavras que a sua voz cala.
E nesta chuva de sons (ausentes) resta um firmamento, por dizer. Do outro lado da rua alguém quase pinta um céu diferente, quase nasce uma palavra.

Nenhum som.

Hoje, como barbotina envolta em fina cambraia, apenas quer o poeta, de tudo, estar ausente.
Deixem-no sonhar na embriaguez da sombra de tudo o que não existe e talvez brotem palavras, talvez se inaugurem sons ou nasçam afluentes nos eflúvios do Amor.
Talvez todos os teatros inaugurem uma peça. Talvez todo esse renque de luzes ilumine o poeta ou só a sombra o possa salvar.
Quem acorrentou o poeta às palavras?