quarta-feira, julho 03, 2013

Diz-me o caminho para chegar a ti.

Se uma palavra bastasse
escolheria, sempre, a palavra “Pássaro”.
Os meus lábios cerrados.
Na folha, o desenho da palavra:
“Pássaro”.
Seria azul com mesclas verdes,
teria bico amarelo
e olhos mais fortes dos que o da Medusa.
Toda a folha branca seria uma moldura imaculada
e se na folha estaria a palavra
“Pássaro”,
na minha mente estariam as recordações
de ti em mim.
Seria Outono: dia e noite, sempre.
Se uma palavra bastasse
para adejar este naipe de cartas que é a vida
escolheria “Pássaro” – sempre.
Mas no meu coração estará, sine die,
o teu nome e nele os teus olhos,
o Pomar das Rosas delineadas
que a minha Alma anseia.
Se uma palavra bastasse
existiria um caminho para o “pássaro”
e na minha mente, como uma carta de somar,
todas as letras, guardadas,
que te trazem ao meu coração.
       “Diz-me o caminho para chegar a ti.”

Diz-me: como sentes o Toque?


Carta a carta.
A Cartomante olha e fala.
As mãos negras
de um sol de uma outra terra,
na mesma Terra.
Talvez exista um vulcão,
com lava e cinzas, talvez existam cinzas.
Sempre existe alguma beleza, mesmo, nos escombros.
(As aves voarão distantes. Sentença futura).
Mas é apenas uma mão negra,
de outra terra
e  nela viajei.
O que olhou? O que disse?
Pouco importa. Permitiu-me Sonhar.
São as asas de aves raras que nos guiam para fora do Tempo,
no nosso Templo.
          “Diz-me: como sentes o Toque?”