segunda-feira, dezembro 22, 2008

SACRÁRIO DAS PALAVRAS

Aos que a Vida guarda no outro lado do cais,
À minha madrinha,


Lá onde o silêncio mora poucos sobem os degraus da Vida, mergulhados nas lágrimas dos infortúnios que ajudam a crescer. Lá onde o Vento sopra envolve-se o Peregrino nos finos lençóis, teias da Vida. Desmesurados Sentidos vivem como cavalos selvagens onde não há linha limite. Esvoaçam pelos céus farrapos de algodão… Guardam palavras sem cor, de dor e amor. Tudo o que brota da Terra cria raízes no Céu. Sacrário das palavras, sem dono. Já sepultada está a amargura na fria pedra que o Homem com as mesmas mãos que a terra há-de ver, um dia a terra irá receber. Tudo nasce, tudo cresce, tudo passa. Mas, às vezes há vezes em que nada morre. Eternas são as lembranças que guarda o Ser no Coração. Lembranças desiguais, que o Vento não leva para parte incerta… Lembranças de ouro fechadas no Sacrário das Palavras ao serviço dos Sentidos. No início todos queremos um instante, depois pedimos aos breves instantes que se alonguem no tempo e perdurem no império dos Sentidos. Mas, nesta linha decrescente da Vida tudo nasce, tudo cresce, tudo morre… Menos os que jazem no Sacrário das Palavras, no Silêncio onde só mora a Saudade dos que já não podemos ver, apenas Sentir.

terça-feira, dezembro 09, 2008

PROFECIA SEM PECADO

“Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.” in Dicionário de Mitologia

Antes da escuridão ainda virei como um pássaro sem penas mitigar os teus sonhos vãos. Dissiparei o nevoeiro e do alto da montanha, envolto em mistério serei o Anjo negro que te fará Sentir a Senhora das Águas, Dona dos mares, Rainha do céu… Esquecerás essa tua condição de mísera mulher terrena. Do chão se abrirão fendas, como se de um vulcão em extinção se tratasse e a chama do Amor que te leva até mim levantará os teus braços na minha direcção. Serás de novo Mulher. Reinventaremos um novo Éden. Floresceremos este vale, outrora sem verde e agora digno do eterno reencontro com a mãe natureza. Viveremos o que os deuses nos proibiram, de novo me darás a provar do teu fruto e jamais será entoada a palavra Pecado. Um novo livro será escrito. Às velhas palavras reconhecerás sabor e saberás que de todos os frutos, o que fala mais alto ao Sentir é o do Amor quando encontra a paixão. Pela Terra sem dono, árida de Amor, de sentimentos ao abandono, ecoarão hinos sem par que enlouquecerão os que em Vida o seu Anjo, mesmo negro não lhes foi permitido encontrar. Porquê? Simplesmente porque as Almas quando desencontradas temem o grande Amor reencontrar. Pois, nada do que foi dado ao Homem viver poderá o mesmo ignorar.

Saibas, Homem de incautos sentidos que o Pecado dos outros poderá não ser o teu e que todos os que a ele se referem quererão dividir uma nova Ática, em nome de Teseu. Saibas erguer a espada e fazer do Pecado um eidolon do Amor. Nada temas, reinventa novas palavras e ao Pecado reveste-o de um novo Sabor, acrescentando-lhe saber.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

UM SENTIMENTO

Visita o cais das ilusões nessas arcadas do Tempo
Destapa os teus braços
Deixa que voe o pensamento.
Quem pensamentos encerra em si
Fecha gavetas à emoção.
É naufrago da Vida,
Ou simples viajante em contramão.
Deixa que a vela que te acompanha, nunca esmoreça
E que esse vale que a poucos mostras
Jamais o Nome maior esqueça…

Saibas que há Vidas desencontradas, histórias que pedem autor… Mundos de encantos verdadeiros onde o dono dos sentimentos comanda a lei do Amor. Acaso viste passar por ti, nessa estrada da Vida, o Grande Rei e teu Senhor? Espreita. Não temas! Abre o coração para o que está ao teu redor porque quem semeia pensamentos e guarda em si sentimentos, colherá fruto com sabor.