RITUAL DO SER


Lausanne,
As frases que o Coraçao retem...
Sao gotas de mel que caem do ceu, dadiva sem manchas nem dor... Gotas sao lagrimas de passaros que voam nos ceus a espera de momentos, pedaços sagrados... Raja de Sentidos, ansia de voar... Ha luzes que voam de maos dadas com a Vida e outras que o Tempo, sem sincronia, desencontrou... E frio o humus da Terra quando nao ha Sentir. Movimentos inocuos das pedras que dançam ao Vento, desconcertadas emoçoes sem par... Uma caixa de Magia, sete nuvens de algodao no ar, verdes sao os campos cuja erva nao chega um dia a germinar. Perdeu-se o encanto do verde na solidao do Coraçao que por medo de andar sobre as aguas tempestivas se afastou. Pobre! O mais importante nao é caminhar num oceano quando as aguas estao paradas e as emoçoes repousam num leito de amoras, mas quando o Sentir agita as aguas do Oceano da Vida. Sao valsas nas sendas do Tempo dos Relogios onde tudo é marcado, ponteiros desfasados da realidade que insiste em ofuscar o Sonho. Quem foi que se perdeu? Quem nao soube a margem atravessar? Ha dias em que a Noite chega mais cedo, vem com o Livro dos Tempos na mao, abrem-se os Caminhos das Estrelas... Nao aparece o Luar. No Olimpo, um Deus escreve. Tu, es o Sol dos que se perdem nos dias e a Lua das Noites onde nao ha lugar para o Sonho... Saibas que um Deus escreve, todos os dias uma nova mensagem para ti, so porque eu a pedi... Deixa que ela viva como um Passaro Partido, em ti...
Casa pouco arquitectada, cobre-a um manto de musgo, puro encanto... Ha Beleza nas janelas perdidas, caminhos nos olhares insinuantes, ha certezas escondidas nesses trilhos verdejantes. Construida esta sob a rocha, fortalece-a o penedo que a natureza fecundou. Poucas sao as Almas que a Casa albergou. Muitos Corpos sedentos e famintos ate ela chegaram mas poucos souberam Saborear o musgo que a toca. Todos os dias ao anoitecer, cai sobre a casa um avental de brumas, sublime magia que so conhece quem o musgo, humidade da Vida, sabe agradecer! Tudo muda, nesta casa a janela principal permanece aberta, de Sentidos desperta... Entra! Sente a Luz que conquistou o musgo que nela habita... Um dia, quando a tua Alma nesta casa souber entrar, ser-lhe-a dado o poder do Sonho. A Janela vista de dentro e uma bela paisagem com vista para o mar, ha um mosaico de sentidos tatuados nos azulejos onde repousa a Alma enamorada, so lhe conhecem a alba blusa, dois botoes de rosa dispersos, livros e papeis que pedem para esvoaçar, um par de oculos ja muito gastos, um relogio jaz por terra de quem se cansou de esperar.
Neste alto estou mais perto da Chuva. Ha muito que me sinto um Anjo que nao subiu ao ceu ou um Querubim que se perdeu. Molha-me as asas esta Chuva, assim ordenou o Deus dos Sonhos, feitiço que refresca todo o meu Ser. Foge o Sol quando o coraçao sangra. Empalidece o Dia. Nao tarda nada aparece o anoitecer. Finda mais um dia. Esta cinzento o ceu, nuvens pactuam com a tristeza que me invade o Ser. Agradeço a presença das cinzentas nuvens que carregam bençaos que o mundo nao sabe Saborear. Solta-se o som do Violino, paisagem melancolica, verde infinito...